Nos episódios anteriores: Sara falta um compromisso com Marcelo para ajudar Fernando. Carol conhece a família de Roberto. Roberto pede Carol em casamento. Nora desmaia e procura um médico. Carlos descobre a família que Diego escondia. Júnior decide prestar vestibular. Davi e Nora se aproximam, Saulo e Vera terminam. Lucas sofre um grave acidente e reaparece nas vidas de Tomás e Vitória.

1. INTERNA – DIA – APARTAMENTO DE FERNANDO – QUARTO

[♪ – Kiss, Prince]

Dos ocupantes da cama de Fernando viam-se apenas braços e pernas desencontrados, cobertos por um lençol emaranhado. Um par de mãos e um par de pés começa a se mexer e uma cabeça se coloca para fora do lençol. Era Sara. Seus cabelos estavam todos em pé e embaraçados e sua cara inchada mostrava espanto e um pouco de desespero já que começava a se lembrar do que tinha acontecido na noite anterior.

Ela tenta sair da cama, mas não consegue. Um dos pés e uma das mãos que não eram dela começam a se mexer na cama por causa de suas tentativas.

Sara: Ai, meu deus! – diz, sem emitir som algum.

2. EXTERNA – DIA – RUAS DO RIO DE JANEIRO / INTERNA – DIA – CASA DOS ANDRADES – COZINHA

Sara andava meio apressadamente pelas ruas, com o celular na mão, tentando desesperadamente ligar para sua irmã.

Carol estava na cozinha de sua mãe. Nora a vigiava atentamente. Um livro de receitas estava aberto em cima da pia e Carol estava em frente ao fogão, mexendo com força uma panela. Ao perceber o telefone tocando, ela seca as mãos no avental, atende, e apóia o telefone no ouvido com o ombro.

Sara: Carol, graças a deus!

Carol: Sara, eu não estou podendo falar agora…

Nora: Mexe com força, Carol! Se não gruda no fundo! Com força!

Carol começa a mexer violentamente.

Sara: Mamãe está aí?!

Carol: Não, eu estou na casa dela.

Sara: Fazendo o quê?

Carol: Mamãe está me ensinando a fazer molho branco.

Nora: Ensinar requer aprendizado como contrapartida.

Sara: Por que você não me pediu? Mamãe ensinando a cozinhar é bem assustador… Ela parece outra pessoa.

Carol: Só agora você me avisa?

Sara: Até hoje eu me lembro do meu primeiro feijão. Por causa do trauma.

Carol: Será que ela ensina assim no orfanato?

Sara: Deus! É verdade! Será?

Nora: Quando os alunos são melhores, os professores são melhores.

Carol: Acabei de ser comparada com crianças de seis anos. E perdi. Tenho que desligar, Sara.

Sara: Não! Eu preciso que você venha me buscar!

Carol: Te buscar?

Nora: Buscar? Quem?!

Carol: Sara. Onde você está?

Sara: Perto da casa de Fernando – diz, entre os dentes.

Carol: Não entendi.

Sara: Casa de Fernando – diz, baixo.

Carol: O quê?

Sara: Casa de Fernando! – grita. As pessoas na rua olham para ela e ela olha para os lados com vergonha.

Na cozinha, Carol estava boquiaberta. Ela solta colher de pau na panela e volta sua atenção toda para Sara.

Carol: O que você está fazendo na casa do Fernando??

Nora: Carol! A panela!

Sara: Vem me buscar e te conto – diz, numa barganha desesperada.

Carol: Se eu sair daqui mamãe me mata – correndo de volta para o fogão.

Nora: Me dá o telefone – Nora pega o telefone. – Sara, pega um táxi e vem para cá que eu pago. Tchau.

Sara: Mãe? Mãe? – Nora havia desligado. Sara revira os olhos, mas faz sinal para o táxi. – Táxi!

Nora: E você, é bom acertar esse molho dessa vez, hein! Lembre-se do seu objetivo!

Carol: Agradar a mãe de Roberto! Agradar a mãe de Roberto! Agradar a mãe de Roberto!

Nora: Isso! – comemora enquanto Carol mexe cada vez mais forte.

3. INTERNA – DIA – APARTAMENTO DE TOMÁS – COZINHA

Tomás lava a louça enquanto Vitória terminava de almoçar. Os dois conversavam sobre a festa de Carol.

Tomás: Mamãe já reservou o hotel e tudo.

Vitória: Hotel? Eu achei que voltaríamos no mesmo dia.

Tomás: Dirigir de noite é perigoso. Vamos voltar no dia seguinte de manhã. Todos concordaram.

Vitória: Todos? Eu não lembro de terem me perguntado.

Tomás pára de lavar a louça e olha para ela, surpreso pela atitude.

Vitória: Desculpa. Desculpa. Eu só não queria ficar longe por muito tempo.

Tomás: A gente volta antes então. Tudo bem para você? – diz, hesitando.

04. INTERNA – DIA – CONSULTÓRIO DE RUTH

Ruth estava sentada numa das poltronas de seu consultório e Carlos estava em pé, olhando a janela.

Ruth: Então você não contou a ele?

Carlos: Eu contei. Só omiti algumas partes…

Ruth: E o que ele não sabe?

Carlos: Ele sabe que eu vou viajar e não sabe de mais nada.

Ruth: E você fez isso por quê?

Carlos: Eu não sei exatamente… agi impulsivamente…

Ruth: Mas você quer que ele vá?

Carlos: Não sei…

Ruth muda de posição. Carlos fica agitado.

Carlos: Eu gosto dele. Muito. Mas eu acho que preciso me afastar um pouco de todos aqueles problemas que a família dele tem, e que ele tem… Sabe?

Ruth: Você poderia ter feito isso falando a verdade.

Carlos fica pensativo.

Carlos: É. Eu acho que eu podia.

05. INTERNA – DIA – QUATRO ESTAÇÕES – SALA DE SAULO

Saulo ia entrar em sua sala quando entreouve uma conversa de Davi ao celular.

Davi: É uma excelente oportunidade, com toda certeza. […] Não, mas devo ficar livre em breve… […] Portugal? Hã…

Saulo resolve bater na porta. Davi percebe a presença de Saulo e desliga o celular.

Davi: Olha, eu tenho uma reunião agora. Nos falamos depois, ok? – e desliga. – Saulo, tudo bem?

Saulo: Tudo. Sente-se, por favor.

Davi: Obrigado – e olha para os lados. – Vera não vem?

Saulo: Não sei.

Um clima desconfortável se instaura. Davi muda de assunto.

Davi: Então, já saiu o primeiro balanço da editora?

Saulo: Já. E foi bastante positivo, devo dizer. O reposicionamento foi um sucesso…

Davi: Foi. E eu tomei a liberdade de preparar um plano a longo prazo – Davi entrega a Saulo uns papéis.

Saulo: Não pretende ficar? Porque eu tomei a liberdade de preparar uma proposta – e entrega a Davi um papel.

Davi: Não é assim que eu trabalho.

Saulo: Pode pensar no assunto, pelo menos?

Davi hesita.

Davi: Acho que sim.

06. INTERNA – DIA – CASA DOS ANDRADES – COZINHA

Carol e Nora olhavam para uma panela fumegante. A fumaça era um tanto escura e o conteúdo, que deveria estar branco, estava marrom.

Carol: Deu errado. Pode falar, mãe.

Nora: Ele só ficou moreninho. Ainda pode estar gostoso…

Carol: Minha boca não é lixo.

Nora: Isso não é lixo!

Carol: Então prova.

Nora hesita. Sara chega toda descabelada e com roupas amassadas.

Sara: Mãe! O táxi.

Nora: O que houve com você?!

Carol: Déjà vu.

Sara: Mãe, o táxi esta esperando.

Nora: Você não vai fugir dessa, moça – e Nora sai para ir pagar o táxi.

Carol: Então você e Fernando…

Sara: Sim! – diz, escondendo o rosto nas mãos.

Carol: Está de ressaca?

Sara: Você nem imagina o quanto.

Carol mergulha uma colher na panela e leva até Sara.

Carol: Aqui, vai te fazer se sentir melhor.

Sara deixa a irmã colocar a colher na sua boca. Sara grita e começa a cuspir.

Sara: Que troço é esse?!

Carol: Meu molho! – e começa um choro falso.

Nora retorna.

Nora: O táxi está pago. Agora desembucha.

Carol: Mãe, meu molho está uma droga! – diz, chorosa.

Nora a abraça.

Nora: Ah, não fique assim…

Enquanto as duas estavam abraçadas, Sara agradece a Carol.

07. INTERNA – DIA – CASA DE VERA – QUARTO

Vera estava sentada na cama, com o olhar perdido. Ouve-se barulhos de portas e chaves e a voz de Rebeca.

Rebeca: Mãe? Cadê você? Mãe?

Ela chega ao quarto e percebe que a mãe não está muito bem. Rebeca fica no batente da porta.

Rebeca: Mãe… Aconteceu alguma coisa?

Vera: Aconteceu – ela faz uma pausa, como se estivesse tomando coragem para continuar. – Beca, eu posso te fazer uma pergunta?

Rebeca: Pode – diz, indo até a cama e sentando-se ao lado da mãe.

Vera: As coisas que eu fiz, o que elas fazem de mim?

Rebeca demora a responder.

Rebeca: Não entendi.

Vera passa a olhar para as próprias pernas cruzadas.

Vera: Saulo e eu não estamos mais juntos. Por minha causa.

Rebeca levanta-se da cama e sai do quarto. Ouve-se um barulho de porta fechando. Vera continua a encarar o vazio.

08. INTERNA – NOITE – APARTAMENTO DE SARA

Sara chega em casa e encontra Marcelo sentado no sofá, entre Eduardo e Rafaela. Sara cruza com Gabriel.

Gabriel: Onde você estava?! Ele está aqui há horas enchendo a paciência da gente – e sai bufando.

Sara caminha até o sofá.

Eduardo: Porque seu nariz é tão grande?

Marcelo: Ele não é tão grande.

Rafaela: Toma, coloca isso – e entrega um nariz de palhaço para Marcelo. Ele coloca.

Marcelo: Assim?

Rafaela e Eduardo: É!!!

Sara sorri e encosta a mão no ombro de Marcelo.

Sara: Olá.

Rafaela e Eduardo gritam pela mãe, correm até ela e cada um gruda em uma perna da mãe.

Rafaela: Me leva até o quarto? – diz, rindo.

Sara: Ok.

Sara vai andando com dificuldade, arrastando os filhos. Marcelo a segue.

Marcelo: Eu te liguei algumas vezes… Você não me atendeu… Aconteceu alguma coisa?

Sara: Não… Nada.

Marcelo: Ainda está chateada comigo?

Eduardo: Buuuu! De castigo!

Sara coloca os dois filhos em pé.

Sara: E vocês? Querem ficar de castigo também? – Eles fazem que não. – Então já para o quarto! – Sara vira-se para Marcelo. – Mas você está um pouco de castigo, sim.

Marcelo: Eu não fiz por mal, Sara. Só estava tentando ajudar.

Os dois ficam em silêncio.

Sara: Olha, eu não estou com tempo agora, mas… no final de semana, minha família e eu vamos para Resende. Minha irmã vai noivar. Quer ir comigo? Aí teremos tempo para conversar.

Marcelo: Tudo bem. Nos vemos na faculdade, então?

Sara: Aham.

Ele se aproxima para um selinho. Sara se afasta levemente, mas depois se deixa beijar.

09. INTERNA – NOITE – CASA DOS ANDRADES – COZINHA

Tomás encontra sua mãe na cozinha.

Tomás: Nossa, você não sai desse lugar – ri. Os dois se cumprimentam com um beijo no rosto.

Nora: Está tudo bem? Aparecendo aqui a essa hora…

Tomás: Está sim. Eu só queria conversar…

Nora: Conversar? – ela percebe o semblante preocupado do filho.

Tomás: É.

Nora: Sou toda ouvidos.

Os dois ficam em silêncio.

Nora: Faz tempo que não conversamos, né?

Tomás pensa.

Tomás: É verdade.

Nora: Você sempre foi muito independente. Amadureceu cedo.

Tomás: Lembra de quando nós íamos ao banco?

Nora: Claro! Você queria ficar na fila e fazer tudo no caixa – os dois riem. – Todos ficavam: “Olha só que gracinha! Ele sabe fazer um depósito!”. Você tinha dez anos…

Tomás sorri, nostálgico.

Nora: O que está acontecendo?

Tomás: É a Vitória.

Nora: O que tem ela?

Tomás: Sabe o Lucas?

Nora: Lucas? Lucas… – diz, tentando se lembrar. – Não é aquele ridículo que deu em cima de Vitória no dia do casamento de vocês, não, é?

Tomás: É esse mesmo – ri.

Nora: Eu quase arranquei ele da igreja com minhas próprias mãos. Onde já se viu?! Seu pai ficou lá, com cara de tacho. Disse que era normal! Normal… hunf.

Tomás: É ele mesmo. Ele… está em coma, no hospital – Nora leva a mão ao peito, surpresa. – Vitória tem visitado ele todos os dias.

Nora: E você…

Tomás: Eu vou com ela sempre que posso. Ele tem um filho. Cuidamos dele uma vez. Saímos com ele outra e…

Nora: Tomás, não… Não faça isso.

Tomás: Não sou eu que estou fazendo, mãe. É ela. Eu acho que… ela tem passado tanto tempo com ele que está me deixando preocupado. Ela nem queria ir para Resende com a gente.

Nora: Talvez ela se identifique, entende? Já que ela poderia ter passado por uma situação similar – e bate na mesa. – Deus que me livre.

Tomás: Eu estou ficando preocupado.

Nora: E você deve ficar. E em relação ao filho, Tomás, a vez de vocês vai chegar. Não desista da adoção. Não desista.

Nora aperta a mão de Tomás com suas duas mãos.

10. INTERNA – NOITE – APARTAMENTO DE CARLOS

Carlos andava pelo corredor de seu prédio. Ao passar em frente à porta do apartamento de Pâmela, ele ouve uma voz que ele conhecia. Ele coloca o ouvido na porta quando ela abre.

Pâmela: Carlos! – e para Júnior: – Viu? Não disse que era ele? Ele sempre chega arrastando os sapatos.

Júnior: Nossa, você sabe tudo mesmo sobre ele, hein? Pâmela estava me contando umas histórias suas…

Pâmela: Shhhhh! – ri.

Carlos: Tá legal… Hã… Ju, o que você está fazendo aqui?

Júnior: Vim pegar sua gramática de novo. E você falou que tinha achado uns livros que poderiam me ajudar.

Carlos: Eu disse isso?

Pâmela: Disse, eu estava junto.

Carlos olha de Pâmela para Júnior e de Júnior para Pâmela, com um quase sorriso no rosto.

Carlos: Ok. Eu vou buscar – e sai.

Júnior: Como você sabe de todas essas histórias dele?

Pâmela: Eu era doida por ele! Queria saber tudo, tudo.

Júnior: Você nunca percebeu que ele…

Pâmela: No começo não. Quando percebi já era tarde demais. Estava toda encantada pelo charme dele. Carlos é muito charmoso.

Júnior: É de família – pisca.

Pâmela: Cada dia eu acredito ainda mais nisso – e sorri.

Carlos volta com os livros e vê os dois sorrindo um para o outro.

11. INTERNA – NOITE – ÁGORA RJ – ELEVADOR

Carol pega o elevador, saindo do Ágora. Ela ouve alguém pedindo para segurar a porta e um homem entra no elevador em seguida.

Maurício: Obrigado. Carol Andrade? Que coincidência!

Carol reconhece Maurício Bastos, um antigo colega de faculdade.

Carol: Maurício? Ah! Maurício Mau-Mau!

Os dois se abraçam.

Carol: Meu deus, há quanto não nos vemos!

Maurício: Pois é! Eu só te reconheci mais rápido porque vi uma foto sua, recentemente, no artigo sobre a ditadura. Excelente trabalho.

Carol: Obrigada. Mas e você? Eu lembro que jornalismo investigativo era sua paixão.

Maurício: E ainda é. Por isso sou editor-chefe do Alvorada.

Carol: Não!

Maurício: Pois é. E eu fiz a mesma cara de espanto quando o meu editor de política me trouxe uma revista com a sua matéria. Lembro que eu fiquei olhando da foto para o nome pensando: “é ela mesmo”?

Carol: Ah, pára… Mas… o que você está fazendo aqui, no Agora?

Maurício: Procurando você. Por isso a coincidência – ri.

Carol: Me procurando?

Maurício: Estou coordenando uma reformulação no Alvorada. Estamos aumentando nosso espaço autoral. E para isso, precisamos de colunistas novos…

Carol: Está me oferecendo um emprego?

Maurício: Uma coluna. Semanal. Sobre política.

Carol: Mas…

Maurício: Você tem opiniões fortes. É isso o que nós queremos. Me liga. A gente marca uma entrevista.

Carol: Maurício, eu… eu não posso. Eu, eu estou noiva de um deputado.

Maurício: Então foi por isso que você saiu da Política?

Carol: Foi – Maurício não conseguia esconder seu desapontamento. – Fiz você perder a viagem, né?

Maurício: Não, tudo bem. Eu revi você. Nunca seria uma viagem perdida.

Os dois se despedem e Maurício saiu andando. Carol ficou parada em frente ao elevador com o cartão em mãos. A porta do elevador fecha.

12. INTERNA – DIA – APARTAMENTO DE ROBERTO – COZINHA

Roberto e Larissa já estavam de pé, preparando o café da manhã quando Carol entra na cozinha.

Carol: Bom dia – diz, entre um bocejo.

Roberto: Bom dia. E aí? Conseguiu fazer o molho?

Carol olha para Roberto com enfado.

Carol: Acho que você já sabe a resposta – e para Larissa – Meu molho branco que era para ser branco ficou marrom.

Larissa: Mas nem seguindo o livro de receitas?

Carol: Nem assim, Lissa.

Roberto coloca um prato na frente de Carol, outro na frente de Larissa e senta em seu lugar. Os três começam a comer.

Naquele momento, o telefone de Larissa toca. O toque era diferente e lembrava a voz de Gabriel.

Carol: Essa voz é do Gabs?

Larissa: É sim – diz, envergonhada. – Ele fez uma música pra mim e eu gravei ele cantando.

Larissa sai para atender ao telefone.

Roberto: Ele fez uma música para a minha filha?

Carol: Ah, é romântico. Pelo menos na idade deles. Ei, e se a gente levasse a banda do Gabs? Eles poderiam cantar lá no sítio dos seus pais.

Roberto hesita.

Carol: Ah, Roberto! Vamos ver o que Larissa acha. Larissa!

Larissa coloca o rosto na cozinha, ainda com o telefone no ouvido.

Carol: Lissa, o que você acha de Gabs levar a banda dele lá no sítio?

Larissa: Isso é sério?! Gabs, você não sabe da maiooor! – e sai da cozinha de novo.

Roberto: Vou entender isso como um sim.

Carol: Já fez suas malas?

Roberto: Já. Preparada para rever os Pelegrinis?

Carol: Nunca. Mas agora tenho a retaguarda – e pisca.

Roberto ri e depois puxa um novo assunto.

Roberto: Ah, ficaram sabendo lá no jornal do que Sebastião Gomes comentou sobre a minha candidatura?

Carol se lembra do ocorrido no dia anterior do jornal.

Carol: Hã… Não, não fiquei sabendo não… Isso demora a chegar ao caderno de Cultura.

Roberto olha para ela, compreensivo.

Roberto: Saudades da política?

Carol respira fundo.

Carol: Sim.

Roberto: Eu me sinto um pouco culpado pelo seu afastamento.

Carol: Não se sinta. – Carol hesita. – Hoje, um editor veio me procurar.

Roberto: Um editor de outro jornal?

Carol: Sim, do Alvorada. Nós estudamos juntos na faculdade.

Roberto fica estupefato.

Carol: Ele me convidou para escrever uma coluna sobre política. Acho que aceitarei. Após sua eleição, claro. Agora seria complicado.

Roberto: É… – olha para ela, tentando medir as palavras – Agora correria o risco de você jogar contra o meu time, não é?

Carol: Roberto, você está cansado de saber. Nossos times têm algumas idéias diferentes. Mas em você, eu acredito. E não é bem questão de jogar contra. Seria um conflito de interesses, ética… Mas, embora eu goste de Cultura, Política sempre foi meu grande interesse.

Roberto: Entendo. É só uma coluna. Você deve aceitar, claro. – sorri para ela – Ainda vai ser mais valorizada quando você for primeira-dama – pisca.

Carol sorri de leve.

13. INTERNA – CASA DOS ANDRADES – ENTRADA

Nora desce as escadas carregando uma mala grande e uma valise. Saulo abre a porta e corre até a irmã.

Saulo: Deixa que eu te ajudo – e pega a mala e deixa Nora só com a valise.

Nora: Obrigada, Saulo.

Saulo: Não está levando muita coisa? São só dois dias.

Nora: Isso é tudo de mamãe. As minhas coisas já estão lá embaixo – os dois olham e vêem uma mala pequena.

Saulo: Eu devia ter imaginado. Ela está aonde?

Nora: Tirando um cochilo no sofá. Tem certeza que você não quer ir? Vai ser divertido…

Saulo: Tenho sim. Eu não estou muito legal. Ia estragar a diversão de vocês.

Nora: Ou nós iríamos espantar essa tristeza toda de você.

Os dois sentam no degrau da escada.

Nora: Você gostava mesmo dela, né?

Saulo: Gostava. Gosto. Mas foi melhor assim. – Saulo faz uma pausa. – Eu preciso te falar uma coisa… Eu entreouvi uma conversa de Davi. Ele recebeu uma oferta de trabalho em Portugal.

Nora: E ele aceitou?

Saulo: Não. Ainda não, pelo menos. Ele disse que conversaria depois. Achei que você deveria saber.

Nora: Você fez bem em me contar. Obrigada.

Nora recosta sua cabeça no ombro de Saulo. De repente, ouve-se uma buzina. Nora se levanta.

Nora: Vou chamar mamãe – e sai.

A porta abre e Rebeca entra.

Rebeca: Nora, chegamos!

Saulo se levanta. Rebeca vai até ele. Os dois se abraçam.

Rebeca: Sinto muito, Saulo.

Saulo: Está tudo bem.

Nora e Diva aparecem.

Diva: Saulinho, você está aí! Vamos, me ajude. Leve minhas coisas para o carro, sim.

Saulo: Sim, mamãe.

Nora revira os olhos e todos começam a sair da casa. Nora fecha a porta.

14. EXTERNA – ESTRADA PARA RESENDE

[♪ – Heart of Glass, Blondie]

Três carros compunham a caravana Andrade para Resende. No primeiro iam Carlos, Tomás, Vitória, Rafaela, Eduardo, Gabriel e Larissa. No segundo iam Roberto, Marcelo, Sara e Carol. E no terceiro iam Júnior, Rebeca, Diva, Nora e Davi.

No primeiro carro, Carlos ia dirigindo, com Tomás ao seu lado. Atrás iam Vitória e os gêmeos. Mais atrás iam Gabriel e Larissa. Os gêmeos assistiam “O Rei Leão” e cantavam todas as músicas. Carlos entrava no coro.

Carlos, Eduardo e Rafaela: “Quando eu for rei ninguém vai me vencer em nenhum duelo”.

Tomás: Carlos, presta atenção na estrada.

Carlos: “Eu nunca vi um rei leão sem juba e sem pelo!” – diz, apontando para Tomás como se ele fosse o Zazu. Os gêmeos e Vitória começam a rir.

Carlos, Eduardo e Rafaela: “A juba que eu vou ter, vai ver, será de arrasar. E todo mundo vai temer, quando me ouvir urraaaaaaar”.

Enquanto isso, no segundo carro, Roberto dirigia e Marcelo ia ao seu lado. Os dois conversavam sobre política. Sara e Carol iam atrás e conversavam por códigos.

Carol: Ah, Sara, sabe aquela música que você ouviu ontem, mas não lembra do nome nem da letra?

Sara olha sem entender.

Carol: Lembra, quando você passou lá na casa de mamãe e falou que ouviu uma “música” muito “divertida”, mas não conseguia se lembrar da letra. Me conta do que ela falava, com detalhes, que vai ver eu conheço. Entendeu?

Sara: Ah, sim! Então, a música falava de uma mulher que ficou muito muito bêbada e… e… acabou farreando por aí. Ela briga com alguém e essa briga termina – ela pigarreia – “bem”.

Marcelo: Eu acho que eu conheço essa música. Meus alunos ouvem bastante… Tem alguma referência a relógios e tique-toques?

Sara gagueja.

Sara: Não, não, não que eu me lembre.

Carol: É, essa música sua é um mistério, Sara. Mas a letra tem um conteúdo interessante…

Roberto: Sério? É sobre uma bêbada degenerada. O que tem de interessante nisso?

Sara: Muitas coisas! Qual é o motivo que levou essa bêbada degenerada, digo, essa mulher a… a… beber… degeneradamente – e pigarro.

Enquanto isso, no terceiro carro, Júnior dirigia e Rebeca ia ao seu lado. Atrás, Diva ia num canto, dormindo. Nora e Davi iam noutro, conversando.

Nora: Saulo comentou que a editora apresentou melhoras.

Davi: Sim, ela tem futuro.

Nora: Aham.

Nora desiste de tentar fazê-lo falar sobre Portugal. Enquanto isso, Rebeca e Júnior conversavam.

Rebeca: Ju, você está diferente…

Júnior: Diferente como?

Rebeca: Não sei… Só diferente. Merece uma foto! – ela levanta a câmera e bate. – Vocês aí atrás também! Nora, Davi, pose!

Nora e Davi se juntam e sorriem. Flash.

Rebeca: E agora a dona Diva… É melhor eu deixar ela acordar primeiro.

Nora: Se você ama a sua vida, querida, é melhor mesmo.

Os quatro riem.

De volta ao primeiro carro, a cantoria continuava ainda mais animada. Tomás brigava com Carlos e pedia que ele prestasse atenção na pista. Larissa e Gabriel começaram a ficar incomodados com o descuido de Carlos.

Carlos, Eduardo e Rafaela: “Eu acho que agora é a hora de a gente conversar” – cantaram apontando para Tomás. – “Reis não têm que ter calau nenhum pra aconselhar”!

Tomás: Carlos, presta atenção…

Vitória ria da situação. Larissa olhou apreensiva para Gabriel, que sentia o mesmo que ela.

Gabriel: Tio, pode ir mais devagar um pouco.

Tomás se vira.

Tomás: O quê?

Vitória: Ir mais devagar.

Carlos: Nós estamos devagar.

Tomás: Vai ver seu sobrinho só foi educado demais para pedir mais atenção da sua parte.

Carlos: “Vai ver seu sobrinho blá, blá, blá!”

Naquele momento, um carro fez uma ultrapassagem indevida.

Tomás: Carlos, cuidado!

Carlos desvia bruscamente o carro para o acostamento. É seguido por Roberto e Júnior.

Carlos: Essa foi por pouco.

De repente, Tomás e Carlos começam a ouvir gritos vindos de trás. Era Larissa, que estava tentando tirar o cinto.

Vitória: Carlos, encosta!

Larissa: Eu quero sair! Eu quero sair!

Gabriel: Calma, Lissa.

Carlos encosta. Larissa tenta levantar o banco da frente para poder sair, mas Vitória é que estava sentada. Larissa começa a forçar o banco e a chorar.

Larissa: Me tira daqui!

Tomás sai correndo do carro, abre a porta de trás e pega Vitória no colo. Carlos, que saiu logo atrás, levanta o banco e Larissa sai correndo e se afasta. Júnior e Roberto, ao ver o que estava acontecendo, encostam seus carros também. Roberto sai do carro e vê Larissa nervosa e chorando e Gabriel do lado dela.

Carlos: A culpa foi minha… Eu fui descuidado e…

Tomás: Um carro quase bateu na gente.

Sara: O seqüestro…

Carol correu até Larissa e Roberto e Sara foram atrás.

Tomás: Deixa que eu dirijo agora, tá? – diz, para Carlos.

Carlos: Você que manda.

15. EXTERNA – ESTRADA PARA RESENDE

A viagem continua. No primeiro carro vão Tomás no volante com Vitória ao seu lado. Gabriel, Rafaela e Eduardo vão atrás, seguidos por Sara e Marcelo. O DVD desligado. No segundo carro, Carol dirigia com Carlos do lado e Roberto ficou fazendo companhia à filha no banco de trás. No terceiro carro, tudo continuou a mesma coisa.

Carlos olhou para Larissa e Roberto no banco de trás. Depois ele olha para Carol.

Carlos: Desculpa – sussurra.

Carol aperta a mão dele, mas sem tirar os olhos da pista.

16. EXTERNA – DIA – SÍTIO DOS PELEGRINIS

Os três carros percorrem pelo caminho de terra molhada que ia do portão de entrada até a chácara em si. Eles estacionam e buzinam. Todos começam a sair dos carros.  Roberto toma a dianteira e se dirige à porta. A porta central do imenso casarão se abre e Marta vem descendo as escadas.

Marta: Eles chegaram! Eles chegaram! Oh, Roberto! Carolina! E a minha principessa!

Carol leva Larissa consigo até a mãe de Roberto. Os Andrades continuam reunidos num canto. Outros Pelegrinis começam a chegar, animados, em seqüência: Antônio, o pai de Roberto, e Giulia, a tia.

Carlos: Ué, cadê a baranga que a gente conheceu? – sussurra para Sara.

Sara: Graças a deus ela não está aqui! – responde sussurando.

De repente, Renata aparece, descendo as escadas numa entrada triunfal.

Renata: Roberto!

Carlos: Caspita.

Sara começa a rir. Renata percebe.

Renata: E olha, olha, olha o que temos aqui… A família de Carol.

Carol: É. Agora estamos de igual pra igual.

Roberto: Venham, Andrades! A gente não morde.

Os Pelegrinis riem animados. Os Andrades forçam uma risada e se juntam. Nora assume o comando.

Nora: Meu nome é Nora. Sou a mãe de Carol. É um prazer muito grande finalmente conhecê-los…

Júnior: Ela tinha que fazer discurso…

Rebeca: Júnior, é sua mãe!

Tomás: Não, não. Ele tem toda razão. Ela não resiste – ri.

Nora: …principalmente depois das coisas que Carol me disse de vocês – e olha para Renata que se mantém firme.

Carlos e Sara: Tsss!

Carlos: Delícia!

Roberto: Nora, essa é minha mãe Marta e meu pai, Antônio – enquanto Roberto falava, eles iam se cumprimentando. – Os irmãos de Carol, Sara, Tomás, Carlos, Júnior e Rebeca. Vitória, Marcelo e Davi, cônjuges. E os filhos de Sara, Gabriel, Rafaela e Eduardo. Renata vocês já conhecem. Minha tia Giulia – diz, beijando-a. – Dona Diva, meu avô Enrico e minha avó Genoveva estão lá dentro. Tenho certeza que se darão muito bem.

Diva: Duvido.

Nora arregala os olhos e todos começam a entrar.

17. INTERNA – DIA – CASA DOS PELEGRINIS

Roberto, o primeiro a entrar, avista seus avós e vai cumprimentá-los. Enquanto isso, os Andrades ficam juntos.

Marta: Sintam-se à vontade, está bem? Banheiros são no final do corredor. Eu estarei na cozinha, terminando o jantar. Foi um prazer.

Os Andrades se despedem de Marta.

Renata: Eu vou ajudar mamãe na cozinha. Nos acompanha Carol? Afinal, da outra vez você escapou.

Giulia: Renata! Carol é visita! Relaxa, Carol.

Nora: Infelizmente minha filha não herdou os meus dotes culinários.

Sara: É verdade. Minha mãe vê ordem no caos de uma cozinha.

Nora: Ficaria feliz em ajudá-la no que for preciso.

Renata: Ah, não precisa…

Sara: Eu achei que precisasse. Você fez tanta questão que Carol ajudasse, não é mesmo, mãe?

Nora: Aham.

Marta: Se vocês querem ajudar, não tem problema nenhum.

Renata: Mas…

Marta: A cozinha é por aqui.

Nora: Obrigada, Marta.

Sara: Até mais.

Sara e Nora foram atrás de Marta. Renata olhou para os outros Andrades e seguiu para a cozinha também.

Marcelo: É. Sobrei. Eu vou ao banheiro.

Roberto volta.

Roberto: Minha mãe foi aonde?

Carol: Sua irmã me desafiou a cozinhar e minha mãe e minha irmã vieram me defender e agora as quatro estão na cozinha.

Roberto: Maravilhoso – diz, sarcástico.

Carlos: Pra nós, não pra elas. Ah, entendi, você foi sarcástico.

Todos saem e deixam Carlos sozinho.

18. EXTERNA – DIA – CASA DOS PELEGRINIS

Carol estava com Roberto conversando com alguns Pelegrinis quando seu celular tocou. Não reconheceu o número, mas notou que era um celular com o prefixo de Brasília, por isso pede licença e se afasta para atender.

Carol: Alô.

Maurício: Alô, Carol?

Carol: Sim.

Maurício: Oi, é o Maurício. Mau-Mau – ri. – Desculpa te ligar no final de semana.

Carol: Sem problemas.

Maurício: Então, eu estive pensando…

Carol: Maurício, não dá. Não dá mesmo…

Maurício: Jornalismo investigativo. Repórter política. Você, no meio da coisa toda em Brasília. O que me diz?

Carol gagueja.

Carol: Maurício, isso é… é…

Maurício: Se eu me lembro bem, isso era tudo o que você sempre quis.

Carol: Mas Maurício, estou noiva de um deputado!

Maurício: Nós te direcionaríamos em certos momentos para que sua relação com Pelegrini não seja um empecilho.

Carol: Eu nunca disse o nome dele.

Maurício: Eu faço minhas pesquisas. Só não consegui descobrir se ele usa botox. Mas agora você pode me dizer…

Carol: Ele NÃO usa botox. Não sei da onde tiraram isso…

Maurício: Pensa no que te falei.

Carol: Eu vou.

Maurício: Tenho que ir agora.

Carol: Ah, claro. Muito obrigada pela oferta.

Maurício: Você faz por onde. E foi bom te ver de novo.

Carol: É…

Carol desliga o telefone. Tensa e confusa.

19. INTERNA – DIA – CASA DOS PELEGRINIS – SALA

Os Andrades começam a se fazer em casa. Carlos levou Diva até a poltrona para que ela se sentasse. No sofá, Enrico e Genoveva descansavam.

Enrico: Piacere di conoscerti. Sono nonno Enrico.

Diva: Por que eu não entendo nada do que ele fala? Doença mental ou algo do tipo?

Carlos: Eles falam em italiano.

Diva: Ah, mas é claro.

Genoveva: C’è qualcosa che non va?

Diva: Nora!

Carlos: Mamãe não fala italiano, vó.

Diva: Não importa. Nora!

Carlos: Vou chamá-la para você.

Carlos sai, passando por Júnior e Rebeca, que estavam cuidando dos gêmeos já que Marcelo estava evitando ficar perto dos filhos de Sara.

Rafaela: Essa casa é chata.

Eduardo: Não tem nada pra gente fazer.

Júnior: Ah, fala sério! Essa casa é bem legal – diz, sem convicção.

Rebeca: Nem você consegue vender isso para eles! Rafa e Dudu, quando uma coisa é chata, a gente tem que torná-la legal.

Júnior: E como a senhora sabe-tudo pretende fazer isso?

Eduardo: É! Como a senhora sabe-tudo pretende?

Rebeca levanta, busca um pedaço de papel e caneta. Ela divide o papel em quatro pedaços, escreve algo em cada um deles e dobra em pequenos quadrados.

Rebeca: Cada um pega um – todos pegaram. – Agora abram e não deixem ninguém ver. Quem tirou um “A” é um assassino – diz, com voz de suspense. – Quem tirou “D” é o detetive! E quem tirou “V” é a…

Júnior: Vítima. Sério, foi essa a sua idéia brilhante?

Rebeca: Ah, deixa de ser chato. Eu adorava brincar disso. Vamos lá! O assassino mata piscando e a vítima morre ao receber a piscada. O detetive diz “Preso em nome da lei” se receber a piscada. E o jogo acaba.

Os quatro ficam em silêncio, encarando um ao outro. Eduardo de repente se levanta e empunha as mãos como uma arma.

Eduardo: Pou!

Rafaela: Morri!

Júnior: Quem morre não fala, Rafa.

Rebeca: Eduardo, senta pra gente terminar a brincadeira.

Eduardo: Não! Pou, pou! – Rebeca continua no mesmo lugar. – Por que você não morre?

Rebeca olha assustada para Júnior.

Rafaela: Eu te ajudo! – ela se levanta e começa a atirar também. – Pou, pou!

Os gêmeos correm para o quintal, perto dos carros com Rebeca e Júnior em seu encalço. Os quatro passam por Antônio, Roberto, Carol, Tomás e Vitória, que conversavam na varanda.

Antônio: Governador do Rio de Janeiro! Que orgulho, filho!

Roberto: Calma, pai. Ainda é cedo.

Antônio: E sua irmã? Ela não tem telefonado…

Roberto: Lílian vai muito bem. E Letícia?

Antônio: Trabalhando mais que devia, como sempre. Carol, eu li sua matéria sobre mulheres influentes na mídia no Rio que trabalham e tem família. Eu não concordo com nada do que você escreveu – ri. – Você acha mesmo que a mulher, só porque estamos no século XXI precisa mesmo de tudo isso? Ela não pode se afirmar com menos?

Carol: A mulher pode se afirmar da forma como ela quiser. É isso o que eu defendo. Seja como dona de casa, como trabalhadora, ou como os dois. Mas o que eu tentei mostrar é que a escolha não se limita a esses estereótipos e que não são só as donas de casa que tem relações agradáveis com os filhos.

Antônio: Você é irredutível, não é? Mas domina como ninguém seu instrumento de trabalho! A linguagem! Essa aí vai longe com as opiniões fortes! Por isso gostava dos seus artigos de política. Entendia do assunto e sabia como ninguém confrontar os entrevistados.

Roberto ri.

Roberto: Só não em frente a uma câmera, né, amor? – brinca, Carol olha pra ele com desdém – Não fica com raiva, foi graças àquele vídeo no YouTube que eu me apaixonei.

O casal troca um olhar apaixonado, mas Carol parecia um pouco alheia.

Antônio: Mas você concorda que a família deve vir sempre em primeiro lugar, espero.

Carol estava olhando para o lado, para o canto da varanda onde Marcelo estava sentado, sozinho, com Davi.

Carol: Espera só um minutinho? Eu já volto. Vem comigo, Tomás?

Tomás dá um sorriso e se levanta. Os dois saem. Vitória tenta falar algo com Tomás, como se estivesse pedindo que ele ficasse. Tomás não vê. Vitória retira o celular do bolso e fica com ele em mãos, preocupada com Lucas.

Roberto: Viu só? Família em primeiro lugar – diz, para o pai.

O pai de Roberto concorda com a cabeça, rindo. Carol e Tomás vão andando até Davi e Marcelo.

Tomás: Que encenação, hein?!

Carol: Não faço idéia do que você está falando – ri. – Acha que ficou muito na cara?

Tomás: Não, não. Foi perfeito, bambina! – ri.

Os dois alcançam Marcelo e Davi, que olhavam para o jardim. Marcelo prestava atenção nos filhos de Sara brincando, com Rebeca e Júnior atrás.

Carol: Querem um pouco de companhia? – diz, caridosa.

Marcelo: Não precisa. É só até o almoço ficar pronto.

Tomás: Isso pode levar um tempinho.

Marcelo: Gabriel está aonde?

Carol e Tomás fazem que não sabem.

Davi: Eu os vi andando pelos jardins faz um tempo. Devem precisar de um tempo a sós…

Tomás: Bem, eu fico aqui e faço um pouco de companhia pra vocês.

Carol: E eu vou tentar conquistar o sogro.

Carol vira-se para onde Vitória, Roberto e Antônio estavam e se depara com os três espiando uma janela. Ela se aproxima.

Carol: Estão fazendo o quê?

A janela era da cozinha e os três assistiam à Nora, Marta, Sara e Renata cozinhando. De repente, Carlos aparece na cozinha.

Carlos: Mãe, vovó está chamando.

Nora amassava uma massa com as mãos. Sara corre até ele.

Sara: Não atrapalhe ela – sussurra. – Isso aqui virou uma competição! – ela olha para trás e vê Renata correndo para os lados, feito uma louca. – Anda, xispa!

Carlos sai e Sara volta para o seu posto. Nora vira-se para Marta.

Nora: Marta, eu sei que combinamos que cada uma faria uma coisa, mas eu acho que você está colocando muito espinafre…

Renata: Nora, sem querer ser grossa, mas você está atrapalhando.

Nora: Não sou eu que corro para os lados o tempo inteiro e não faço nada.

Renata: Desculpe, mas…

Sara: É, parece que você tem medo de cozinhar. Relaxa, Renata. Bolos não mordem.

Nora: Você é outra Sara. Não que eu duvide de suas habilidades culinárias, mas eu acho que você tem outras preocupações no momento.

Sara: Carol te disse alguma coisa?

Nora: É claro que sim.

Sara abre a boca horrorizada.

Marta: Eu concordo com Nora.

Renata: Mas mãe…

Marta: Renata!

Renata sai batendo o pé. Sara vai logo atrás.

Nora: Desculpe ter falado com a sua filha desse jeito…

Marta: Foi na cozinha, então eu perdôo.

Nora: Mas eu realmente acho que você colocou espinafre demais aí… Tenta dobrar a receita…

Marta: Nora, eu faço lasanhas verdes desde que me entendo por gente.

Nora: Tudo bem, tudo bem – Nora volta-se para a sua massa, mas não resiste: – Quer trocar de receita? – Marta faz uma cara ameaçadora. – Desculpa.

20. INTERNA – DIA – QUATRO ESTAÇÕES – ENTRADA

Saulo chega e encontra Vera de saída.

Vera: Oi.

Saulo: Oi.

Vera: Chegando na hora do almoço?

Saulo: É.

Vera: Quer ir almoçar comigo?

Saulo ri sarcasticamente.

Vera: Nunca achei que você fosse esse tipo de pessoa – e vira-se para ir embora.

Saulo: E eu deveria saber que você é esse tipo de pessoa.

Vera vira-se e caminha para Saulo, ofendida.

Vera: Eu entendo que você esteja descontente com a situação…

Saulo: Descontente?!

Vera: …mas eu não tolero que me tratem assim.

Saulo: Então escuta essa…

Vera: Escute você! Você não sabe de nada. Não serei julgada. E você não é tão diferente de mim assim.

Saulo: Eu não sou mesmo você.

Vera: Você escolheu a amante do marido da sua irmã. Qualquer problema que você tenha com isso, resolva você sozinho.

Vera sai.

21. INTERNA – DIA – CASA DOS PELEGRINIS – VARANDA

Sara chega à varanda e encontra-se com Marcelo, Davi e Tomás. Ela vai até Marcelo e coloca a mão em seu ombro.

Davi: Sua mãe ainda está na cozinha?

Sara: Aham.

Marcelo se levanta.

Marcelo: Sara, vamos conversar?

Os dois se afastam um pouco de Tomás e Davi.

Marcelo: Poxa, Sara. Foi pra isso que você me trouxe pra um lugar onde eu não conheço ninguém? Pra me deixar de lado.

Sara: Desculpa, Marcelo… Eu me deixei levar… Aquela Renata, rrrr, insuportável. Desculpa mesmo.

Marcelo: E eu não ia falar nada porque você não gosta, mas Rafaela e Eduardo estão deixando seus irmãos loucos.

Sara suspira.

Sara: Onde eles foram?

Buzinas são ouvidas ao longe e mais um carro chega. Fernando sai do carro com os amigos de Gabriel. Sara ouve Carol falar ao longe.

Carol: A banda chegou! Só falta o almoço…

Sara: Banda?! Que banda?

Carol: A banda de Gabriel. Larissa pediu que todos viessem tocar.

Sara: E o que Fernando tem a ver com isso?

Carol faz um bico, entendendo tudo.

Marcelo: Não tem problema, Sara.

Sara olha feio para Carol e sai. Marcelo vai trás dela. Tomás corre até Carol.

Tomás: O que aconteceu?

Carol: Ela e Fernando… – sussurra juntando os dedos indicadores.

Tomás arregala os olhos.

22. EXTERNA – DIA – SÍTIO DOS PELEGRINIS – JARDINS

Gabriel e Larissa andavam de mãos dadas.

Gabriel: É bem selvagem esse lugar.

Larissa: Não é selvagem! É só natural…

Gabriel: Foi isso o que eu quis dizer, oras.

Larissa: Cosmopolita…

Os dois param de andar e Gabriel resolve se sentar no chão.

Larissa: Você vai se sujar todo!

Gabriel: Cosmopolita.

Ela olha para ele, contrariada, e senta-se em seguida do lado dele. Gabriel a abraça e os dois trocam beijos carinhosos.

Larissa: Posso te perguntar uma coisa?

Gabriel: Eu acho que já sei o que é. Pode sim.

Larissa: Você não sentiu nada… no carro?

Gabriel: Senti alguma coisa… Uma sensação estranha.

Larissa: Mas você não surtou…

Gabriel: Agora! Não conta pros meus pais, mas anteontem, meu ônibus deu uma freada brusca e eu gritei muito, mas muito alto.

Larissa: Por que você não me contou?

Gabriel: Eu achei que você estivesse melhorando. Não queria que você voltasse a pensar nisso.

Larissa: Mas eu quero que você me conte. Está bem?

Gabriel: O mesmo vale pra você.

Naquele momento, Rafaela e Eduardo passam correndo, todos sujos de lama. Rebeca e Júnior ainda atrás deles.

Júnior: Vem Dudu, o almoço já está pronto!

Rebeca: Vem, Rafa!

Júnior: Os pombinhos também, hein! Vambora! Seu pai acabou de chegar.

23. INTERNA – DIA – SÍTIO DOS PELEGRINIS – QUARTO

Carol estava sozinha e distraída, como se pensasse em algo. Sara chega de repente por trás dela.

Sara: Ahá, te achei!

Carol se assusta.

Carol: Quer me matar do coração?

Sara: Não, você que quer me matar! Que idéia foi essa de trazer o Fernando? – fala a última frase sussurrando.

Carol: Alguém tinha que trazer a banda.

Sara: Claro! – diz revirando os olhos, contendo a raiva e sentando-se ao lado da irmã.

Carol: Mas, e aí, como se deu o caso?

Sara encara a irmã, avaliando.

Sara: Como toda besteira que a gente faz na vida.

Carol: Mas como você poderia estar bêbada pela manhã?

Sara respira.

Sara: Você acredita em coincidências? Em estranhas e inesperadas coincidências?

Carol: Eu via Lost, eu acredito em tudo.

Sara: É sério, Carol. – a irmã faz sinal que entende a gravidade do caso – Teve reunião de pais na escola dos meninos, mas meu carro quebrou, fui de táxi, encontrei o Fernando lá e ele me ofereceu uma carona para ir a faculdade, porque eu descobri que estava sem dinheiro suficiente. – Carol lança um olhar descrente para irmã – É sério. Esqueci de passar no caixa rápido e decidi só fazer isso na faculdade, mas daí, no meio do caminho, me ligaram de lá, dizendo que não ia haver mais aula porque os estudantes estavam protestando contra a nova diretoria do DCE… Que nojo que me dá essa politicagem… Daí o Ferdi me convidou para almoçar com ele na casa dele, algo sobre uma macarronada ao forno imperdível que ele tinha aprendido… – revira os olhos e suspira antes de completar – Eu fui, bebemos, comemos, rimos… Aí uma coisa foi levando a outra…

Carol: E aí?

Sara: Aí você sabe, né… Eu apareci de tarde, descabelada na cozinha da mamãe.

Carol: Sei lá, você foi tão detalhista no começo que eu estava esperando um grande desfecho.

Sara: Mais do que esse, Carol? Deixa de levar isso na brincadeira.

Carol: Ok, desculpa. Mas você já teve outras recaídas com o Ferdi, né? Essa teve algo de diferente?

Sara: Alô, Carol?? Sabe aquele homem que eu trouxe comigo hoje?

Carol se toca.

Carol: Sei… desculpa. Você devia ir atrás dele agora.

Sara: Não, não sei, não sei como, não sei se devo, não sei o que dizer…

Carol: Não, o que eu to dizendo é que você devia dar atenção a ele. O Marcelo tá largado, sozinho, no meio de Andrades, Pelegrinis e do teu ex que você acabou de… Você sabe.

Em seguida, Sara respira fundo e levanta-se, deixando o quarto. Carol permanece por lá, sozinha com suas dúvidas.

24. EXTERNA – DIA – SÍTIO DOS PELEGRINIS – JARDIM

Todos os Andrades e Pelegrinis estão reunidos numa grande mesa armada no jardim. Nora e Marta traziam as últimas travessas e se sentam.

Antônio: Primeiro, eu gostaria de fazer um brinde…

Roberto: Ih, vai chover!

Antônio: Não vai nada, eu chequei a previsão do tempo – e ri com vontade.

Todos os Pelegrinis riem. Os Andrades forçam uma risada. Genoveva comenta algo em italiano com Diva.

Diva: Não. Eu. Não. Gosto. De. Terra Nostra.

Carlos, que estava do lado dela, começa a rir.

Antônio: Roberto, desde que você nos falou dessa Ana Carolina Andrade, eu vou a banca de jornal todas as manhãs com gosto comprar o Ágora só para ter o que discordar com sua futura esposa. Caso contrário, eu não iria ter do que reclamar. Ela é perfeita. Bem-vindos aos Pelegrinis, Andrades!

Todos batem palmas. Carol e Roberto agradecem.

Nora: Eu também gostaria de dizer umas poucas palavras – ela se levanta e começa a falar.

Fernando dirige-se a Sara enquanto Nora fala.

Fernando: Já pensou no que vai falar?

Marcelo começa a prestar atenção nos dois. Sara fica tensa,pois achava que Fernando falava de sua situação.

Sara: Do que você está falando?

Fernando: Não vai fazer discurso para sua irmã?

Sara: Ela não merece.

Carol escuta, boquiaberta.

Nora: Carooool, estou falando de você. Psiu! Essa minha filha. Sempre desligada. Bem, eu não vou repetir. Pelo menos não o que eu falei, mas esse almoço…! Nossa! Mais uma vez, obrigado por nos receber.

Roberto: Sirvam-se!

E todos começam a se servir. De primeira, todos pegam a lasanha de Marta. Nora fica com o nhoque. Quando Davi ia se servir da lasanha, Nora o impede.

Nora: Vá de nhoque. É melhor. Ah, e desculpe por não ter dado atenção a você hoje…

Davi: Tudo bem. Mas por que eu não devo comer a lasanha?

A resposta veio logo em seguida. Todos os que serviram-se de lasanha, engoliram forçosamente a primeira garfada e beberam de um só gole suas taças e copos.

Carlos: Isso era para ser assim?

Todos olham para Marta. Ela serve-se da lasanha e engole uma garfada. Ela tenta conter sua expressão do péssimo sabor, mas não consegue. Seu olhar encontra o de Nora. Ela fecha os olhos, rendida. Todos continuam esperando a sua resposta. Marta hesita.

Renata: Quem cuidou da lasanha verde? Foi você dona Nora?

Todos olham para Nora. Marta não diz nada. Nora se pronuncia.

Nora: Foi. Eu devo ter colocado espinafre demais…

Sara: Mas mãe…

Nora: Eu sinto muitíssimo.

Genoveva: Ma abbiamo ancora ricevuto gli gnocchi!

Diva: Não, não, “Esperança” foi terrível!

Carlos ri e todos na mesa começam a se servir do nhoque de Nora.

25. INTERNA – DIA – CASA DOS PELEGRINIS – COZINHA

Nora chega à cozinha com uma pilha de pratos sujos. Ela os deposita em cima da pia e dirige-se a Marta que se refugiou num canto ao ver Nora entrar.

Nora: Quer ajuda com a louça?

Marta: Não, não precisa.

Uma trovoada soa ao longe. Nora vai até Marta.

Marta: Eu não acredito que eu errei a receita. Eu já fiz mais lasanhas do que eu posso contar.

Nora: Errar é normal…

Marta: Não para mim! Não na minha cozinha. Isso – ela aponta para a travessa cheia de lasanha – isso é o que eu tenho.

Nora: Você tem muito mais! Olhe ao redor! Você tem uma família linda!

Marta: Caindo aos pedaços!

Marta se senta. Nora também, ao seu lado.

Marta: Lílian… minha filha… nós não nos falamos há dois meses. Ela não telefona. Nós nunca lidamos bem com… a situação dela e… é complicado. Letícia é distante também. Conto nos dedos as vezes que vi meus netos. Renata é sozinha. Ela esconde tudo o que sente e não deixa ninguém entrar. Ela, ela é muito triste.

Nora: Lílian é uma mulher de fibra. Eu a vi poucas vezes, mas das poucas que vi, ela conseguiu deixar meu filho Carlos, que é advogado, sem saber o que falar. Inteligentíssima. Letícia, eu não conheço e Renata, bem, Renata… protege a sua família com unhas e dentes. E Roberto! Ah, Roberto. Eu confesso que fui muito relutante em relação a ele, mas não por causa dele. Foi por medo de perder a minha filha. Nós também temos uma relação tempestuosa, às vezes. E quando Roberto chegou, nós estávamos fazendo as pazes. Roberto é um homem incrível. Não consigo pensar em ninguém melhor para a minha filha. Esses são os seus filhos.

Marta: Eu nunca vi o meu Roberto tão bem desde a morte de Mariana. Carolina trouxe um equilíbrio para a vida dele que eu nunca achei que alguém mais fosse trazer.

Nora: Viu só? E seus filhos devem saber que você também pode errar.

Marta: Eu é que não quero. Eu é que me envergonho.

Nora: Pois você não precisa.

Marta: Obrigada.

26. INTERNA – DIA – CASA DOS PELEGRINIS – SALA

[♪ – Should I Stay or Should I Go, The Clash]

Começa a chover, Nora e Marta reúnem-se aos outros na sala. Gabriel conversava com Bernardo, seu colega de banda.

Bernardo: Não é só porque a gente não vai poder tocar que você não pode cantar. Canta, vai!

Gabriel: Tá, prepara o violão.

Gabriel e Bernardo chamam Fernando e saem da sala. Carlos e Roberto conversavam.

Roberto: Se enturmando com a família?

Carlos: Não muito. Fiquei cuidando da vovó o tempo todo. Seus avós só falam italiano mesmo? Levaram minha avó a loucura.

Roberto: É, bambino, só italiano. Vai fazer o que, chamar a polícia? – ri.

Carlos entende a piada.

Carlos: Chamarei sempre que for preciso.

Roberto: Conto com você pra isso.

Carlos: E eu conto com você para que eu não precise fazer isso.

Fernando, Gabriel e Bernardo voltam para a sala carregando dois violões.

Marta: Música?! Era o que precisávamos!

Larissa: Vó! Gabs é incrível tocando, você vai ver!

Nora: E é poeta! Escreveu uma música pra ela e tudo!

Marta: É mesmo, Larissa?

Larissa: É linda! Depois te mostro!

Gabriel chama atenção de todos.

Gabriel: A música que eu vou cantar… Digamos que não é a primeira vez que ela é ouvida num casamento. Pelo menos na nossa família. É justo que a tradição se propague.

Fernando: Concordo plenamente – diz, olhando para Sara. Ela finge que não percebeu.

Gabriel: E eu dedico essa música para Larissa.

Todos: Uuuuuuuuh!

Larissa esconde o rosto nas mãos, rindo. Gabriel faz sinal para o pai e Bernardo começarem a tocar. A música é “Should I Stay or Should I Go”, a música de Fernando e Sara. Todos estavam conversando, mas quando Gabriel começa a cantar, todos fazem silêncio. Sara balançava levemente a cabeça, seguindo o ritmo da música. Fernando começa a cantar junto com Gabriel e não tira os olhos de Sara. Sara evita o olhar, mas se descobre cantando a música baixinho. Marcelo coloca o braço por cima do ombro de Sara. Ela se assusta, pára de cantar e olha para Fernando.

Enquanto isso, mais afastados da sala, Vitória começa a guiar sua cadeira para ainda mais longe. Tomás a segue.

Tomás: Tudo bem, Vi?

Vitória suspira.

Vitória: Não. Não consigo me afastar do celular. Fico esperando que alguma coisa ruim aconteça o tempo todo. Por isso não queria vir. Sou uma péssima companhia.

Tomás se ajoelha.

Tomás: Vi, se acontecer alguma coisa, a gente vai fica sabendo. Tenta se divertir um pouco… Quem diria que a família de Roberto seria tão maluca quanto a minha.

Vitória: Nem tanto, vai – ri.

O telefone de Vitória começa a tocar.

Vitória: É a Isabel! Alô? – ela atende.

Tomás vê a expressão no rosto de sua mulher se alterar. Ele vê os olhos de Vitória lacrimejarem.

Vitória: Ai Meu Deus… – ela aperta a mão de Tomás e desliga o telefone. Tomás e Vitória se encaram e ela leva as mãos ao rosto, chorosa.

Tomás: Nós já vamos, ok? – avisa, compreensivo.

Vitória acente com a cabeça. Tomás se levanta e procura pela mãe. Os olhares dos dois se cruzam e Nora vai até eles.

Nora: O que houve, filho?

Tomás: O Lucas, mãe…

Nora: Oh, Deus. Vitória…

Carol: Tomás, o que está acontecendo?

Vitória: Tomás… – diz, chamando a atenção do marido.

Tomás: Nós precisamos ir, Carol. A mãe te explica. Agradece aos pais do Roberto por nós.

Tomás empurra a cadeira de Vitória para a varanda e começa a descer as escadas.

26. EXTERNA – DIA – SÍTIO DOS PELEGRINIS

Após a notícia do falecimento de Lucas, os Andrades decidem ir embora para dar apoio a Tomás e Vitória. Já estavam todos colocando suas malas nos carros para partirem.

Nora: Marta, perdão por essa saída abrupta. Não queríamos que fosse assim.

Renata: Eu diria que é uma saída digna dos Andrades, Nora.

Sara, Carlos e Júnior param o que estão fazendo para encarar Renata.

Marta: Imagina, Nora. Totalmente compreensível. Dê nossos pesamos ao seu filho e à esposa dele.

Nora: Obrigada, querida. Antônio… – diz, cumprimentando o sogro de Carol.

Antonio: Um prazer, Nora. A casa é de vocês, voltem sempre. – diz alto, para que todos os Andrades escutem. Eles agradecem em coro.

Diva: Eu é que não volto aqui. – diz, dentro do carro.

Os Andrades entram nos carros e partem.

27. INTERNA – NOITE – APARTAMENTO DE SARA – SALA

Sara e Fernando, acompanhados dos gêmeos, entram no apartamento. Rafaela e Eduardo saem correndo para o seu quarto. Quando se vêem sozinho, Fernando puxa Sara pelo braço.

Sara: Agora não.

Fernando: Sara… – ele lhe lança um olhar cheio de significado, mas antes que pudesse falar algo, Marcelo aparece com Gabriel, carregando malas.

Sara se afasta de Fernando. Marcelo encara Fernando e eles se cumprimentam cordialmente com um maneio de cabeça. Em seguida, Marcelo encara Sara, que desvia o olhar. Gabriel já tinha desaparecido em direção ao seu quarto. Fernando olha para Sara esperando algo que não vem.

Fernando: Vou me despedir dos meninos – diz e também se retira.

Marcelo observa Fernando ir e aproxima-se de Sara para se despedir.

Marcelo: Bom, vou indo…

Sara: Não – encara-o – Me ajuda com isso, por favor – e aponta para as malas e potes com comida deixados na sala.

28. INTERNA – NOITE – CASA DOS ANDRADES – SALA

Nora abre a porta e entram ela, Diva e Davi.

Diva: Eu vou tomar um banho! Todo aquele italiano me deu uma canseira… – e sobe as escadas.

Nora: Já vou subir!

Diva: Eu não pedi ajuda.

Nora suspira.

Nora: E essa é minha mãe.

Ela olha para o rosto um tanto triste de Davi.

Nora: Desculpa… eu não te dei atenção nenhuma, né? Sinto muito.

Davi: Sem problemas. Sua prioridade é a sua família. Eu entendo. Minha prioridade é meu trabalho. E eu queria falar com você sobre isso…

Nora se senta e Davi também.

Nora: Eu sei sobre a proposta de trabalho.

Davi: Saulo te falou? Eu imaginei que ele tivesse escutado algo.

Nora: E você vai aceitar, presumo?

Davi: Eu gostaria. Mas terei que ficar em Portugal por três meses.

Nora: Bem, como você disse, seu trabalho é a sua prioridade.

Davi: Ele é. Mas você, você também passou a ser… Vem comigo?

Nora se assombra.

Nora: Três meses longe desta casa e de toda a confusão que você viu hoje? Sinto muito…

Davi: Eu esperava por essa resposta. Mas eu gostaria que tivesse sido diferente.

Os dois se beijam carinhosamente.

29. INTERNA – NOITE – APARTAMENTO DE SARA – SALA

Sara e Marcelo conversam, sussurrando, quando Fernando entra na sala.

Fernando: Já coloquei as crianças na cama.

Sara: Obrigada, Ferd…nando.

Fernando: Eu acho que eu já vou, então. Tchau, Sara. Tchau, Marcelo.

Marcelo também se despede de Fernando. Sara não fala nada até Fernando fechar a porta.

Sara: Desculpa por hoje, está bem?

Marcelo: Sem problemas… A gente está bem?

Sara: Como assim?

Marcelo: A gente anda meio distante desde que eu… passei dos limites com as crianças.

Sara: Ah, já passou!

Marcelo: Mesmo?

Sara: Mesmo.

Os dois se abraçam.

Marcelo: Cada dia eu gosto ainda mais de você.

Sara não responde, pensativa.

30. INTERNA – NOITE – APARTAMENTO DE PÂMELA

Carlos chega em casa. Ao abrir a porta do apartamento, ele tem uma idéia e resolve ir falar com Pâmela. Ele bate na porta dela.

Pâmela: Carlos! Entra!

Carlos entra.

Pâmela: Como foi lá em Resende?

Carlos: Como sabia que eu ia para Resende?

Pâmela: Seu irmão me contou, oras. E aí, se divertiu com Diego?

Carlos: Na verdade, ele não foi.

Pâmela: Ah, que pena… Emergência no hospital? Eu estava pensando esses dias… Você tem que ficar de olho nessas supostas emergências – e faz aspas com as mãos. – São uma desculpa muito boa.

Carlos: Na verdade, que usou a desculpa fui eu. Eu não disse para ele que viajaria. Disse apenas que teria um compromisso.

Pâmela arregala os olhos.

Carlos: Mas não é sobre isso o que eu quero falar. Eu não fiz isso por medo. Precisava de um tempo pra mim.

Pâmela: Não precisa mentir pra pedir tempo…

Carlos: Ok! O que eu quero falar é sobre você. E meu irmão. Eu senti umas faíscas ontem.

Pâmela: A gente só estava conversando…

Carlos: E esse é o problema… Você não “conversa”.

Pâmela: Carlos… – Pâmela não consegue terminar a frase.

Carlos: Você… ficou sem palavras?

Pâmela sorri e Carlos fica boquiaberto, num misto de surpresa e felicidade.

31. INTERNA – NOITE – APARTAMENTO DE REBECA – SALA

Rebeca: Entra, Ju…

Júnior: Vai passar as fotos para o computador?

Rebeca: Vou, senta aí.

Júnior se senta em frente ao computador. Rebeca chega logo em seguida com um cabo. Os dois começam a ver as fotos.

Rebeca: Essa foi a que eu bati no carro.

Júnior: Nossa, como eu to lindo nessa!

Rebeca: Não te falei? Você estava super diferente. Estava pensando em quê?

Júnior: Nem me lembro. Ih, olha essa! Depois de horas correndo atrás dos gêmeos!

Rebeca: É! Eles me deixaram com medo de ter meus próprios filhos.

Os dois começam a rir.

Júnior: Na verdade, eu lembro no que eu estava pensando naquela hora.

Rebeca: Em quê?

Júnior: Não ria… Mas eu estava pensando numa garota…

Rebeca: Aí, garoto! – e dá um soquinho no ombro dele. – Quem é a sortuda?

Júnior: Eu não estava pensando nela nesse sentido… – ri.

Rebeca: Oooon… Acho que alguém está gamado…

Júnior: Eu não estou “gamado”! E essa palavra é muito século XX.

Rebeca: Gamado, gamado, gamado, gamado, gamado. Ai, ai… É o amor – e suspira.

Júnior: Você está meio pra baixo hoje ou é impressão minha?

Rebeca: Mais ou menos… Eu fui meio grossa com minha mãe e…

Júnior: Por causa de tio Saulo?

Rebeca: É. E agora eu estou meio arrependida. Você acha que às vezes eu sou dura demais com ela?

Júnior: Acho. Mas é assim que vocês construíram a relação de vocês. Se algum de nós falasse do jeito que você fala com Vera às vezes com dona Nora… Nossa! Ficaríamos sem dentes para contar a história!

Rebeca: Eu não sou tão ruim assim, sou?!

Júnior: Às vezes você é, sim. Um pouco. Mas isso é no meu ponto de vista.

Júnior volta sua atenção às fotos. Rebeca fica pensativa, mas volta a mexer nas fotos.

32. INTERNA – DIA – APARTAMENTO DE VERA – COZINHA

[♪ – Breathe In, Breathe Out, Mat Kearney]

Nora bate na porta de Vera enquanto tentava ligar para Tomás. O telefone dá ocupado.

Nora: Droga!

Vera abre a porta.

Nora: Bom dia.

Vera: Nora… Hã…

Nora: Eu sei que vim sem avisar, mas queria conversar, posso entrar?

Vera abre a porta completamente e deixa Nora passar.

Vera: Nora, eu…

Nora: Hum… Café! Posso?

Vera: Claro, eu já ia servir mesmo.

Nora serve café para as duas.

Nora: Você deve estar estranhado muito a minha visita. Nem precisa responder. Sua cara já diz tudo. Mas eu tinha umas coisas importantes a falar.

Nora beberica o café. Vera percebe que Nora não larga o celular.

Vera: Está esperando uma ligação?

Nora: Na verdade, esperando que me atendam. Estou ligando para Tomás a manhã inteira. Eu acho que sei o que aconteceu, mas prefiro nem imaginar. Mas vamos direto ao assunto, sim.

Vera: E o assunto é…

Nora: Saulo, é claro.

Vera: Nora, eu não me sinto confortável discutindo isso com você.

Nora: Ele gosta muito, muito de você, Vera. O que quer que tenha feito, está no passado. Para todos nós.

Vera fica pensativa.

Vera: Eu estava com ciúmes de você. Com Davi – diz, triste.

Nora: Ciúmes? Mas…

Vera: Eu… Eu… Não sabia mais no que pensar.

Nora: E no que você pensava?

Vera: No que você e sua mãe me disseram quando eu comecei a namorar seu irmão. Nora, eu já te pedi desculpas?

Nora se espanta com a pergunta de Vera.

Nora: Não. E não precisa.

Vera: Precisa sim. Aceite-as, eu preciso. Eu sinto muito.

Nora: Eu já as aceitei há muito tempo, Vera.

A campainha toca.

Vera: Eu vou atender – e sai.

Nora fica encarando o telefone. De repente, ela começa a se sentir estranha.

33. INTERNA – DIA – APARTAMENTO DE ROBERTO – COZINHA

Carol aparece na cozinha e encontra com Roberto terminando de preparar o café.

Roberto: Bom dia, futura esposa!

Carol: Você sabe ser tão lindamente brega.

Carol se aproxima e Roberto a beija de leve.

Roberto: Fiz todo o café. Tem até panqueca de chocolate.

Carol: Tô vendo. Espero que isso não acabe quando a gente se casar.

Roberto: Não se preocupe, serei o melhor marido-governador-cozinheiro – diz, tirando o avental – Agora preciso me arrumar, reunião com o comitê o dia inteiro. Te amo! Aproveita o café – fala, beijando o alto da cabeça de Carol. Em seguida, retira-se.

Carol observa Roberto sair com um sorriso triste no rosto, enche uma xícara de café e permanece pensativa.

34. INTERNA – DIA – CASA DOS ANDRADES

[♪ – Breathe In, Breathe Out, Mat Kearney]

Diva e Saulo conversavam.

Saulo: Nora não está?

Diva: Não. Disse que tinha coisas a fazer.

Saulo: Num domingo?

Diva: Você conhece sua irmã.

Saulo: Como foi em Resende?

Diva: Por favor, não me lembre desse martírio. Acho que Deus nos deu os sogros para que a morte não seja a coisa mais temida pela humanidade.

Saulo ri com gosto.

Diva: E você? Está tudo acabado mesmo com Vera?

Saulo: Você a chamou pelo nome?

Diva: É o nome dela, não é?

Saulo: Eu sei que esse é o nome dela.

Diva: Bem, eu estou surpresa que vocês tenham terminado. Você ficou contra mim para ficar com ela.

Saulo: Foi o melhor a se fazer.

Diva: Sabe o que eu acho? Que ela não se perdoou ainda, pelo que fez.

Saulo reflete sobre o que ouviu. Diva aproxima-se da secretária eletrônica.

Diva: Nora está cheia de recados. Deve ser de ontem.

Diva aperta o botão e eles ouvem as mensagens.

Voz: Dona Nora, aqui é do consultório médico. O resultado dos seus exames estão prontos. Queremos marcar um consulta o quanto antes. Retorne assim que puder.

Diva passa para a mensagem seguinte.

Médico: Dona Nora, de novo do consultório. Tentamos entrar em contato com a senhora pelo celular e não conseguimos. É mesmo muito importante que a senhora entre em contato conosco. É urgente.

Diva desliga a mensagem e olha para Saulo, apavorada.

35. INTERNA – DIA – APARTAMENTO DE VERA – SALA

[♪ – Breathe In, Breathe Out, Mat Kearney]

Vera abre a porta e encontra Rebeca esperando, encostada na parede.

Rebeca: Mãe, está ocupada? Queria conversar…

Vera: Na verdade, estou com Nora na cozinha.

Rebeca: Nora? Nora Andrade?

Vera: A mesma. Vem, junte-se a nós.

Rebeca nota a voz chorosa de sua mãe.

Rebeca: Mãe, espera. Você andou chorando?

Vera não responde. As duas se encaram. Rebeca abraça sua mãe.

Rebeca: Desculpa…

Vera: Tudo bem.

As duas ficam abraçadas por um tempo. De repente, um celular começa a tocar.

Vera: Deve ser o meu. Vai fazendo companhia para Nora enquanto eu atendo?

Vera sai.

Rebeca: Mas eu acho que vem da cozinha…

Rebeca vai até a cozinha e encontra um celular em cima da mesa, vibrando. Ao se aproximar, ela vê Nora, desmaiada, de bruços, no chão. Rebeca fica imóvel, estupefata. Vera aparece.

Vera: Não, não era o meu – e vê Nora no chão. – Ai, meu deus! Nora!

Vera corre até Nora e vira o corpo inerte.

Vera: Rebeca! Chama uma ambulância!

Rebeca continua imóvel.

Vera: Rebeca!!!

Continua…

Trilha sonora:

Kiss, Prince

Heart of Glass, Blondie

Should I Stay or Should I Go, The Clash

Breathe In, Breathe Out, Mat Kearney

4 Respostas to “A Importância de Ser Honesto”

  1. Julia Says:

    Noooooooooooooooooooooossaaaa!!!

    Campanha Sara e Ferdi mode on!!!!!!!!
    Aaaaaaah eles combinam mt.. Fora Marcelo!!!!!!!!

    Mais fora isso, nd me apegou mt nesse ep..
    É que eu fikei tão feliz por eles.. *.*
    E a Carol mó fofa.. Mais n dxa ela ir pra longe nao!! Ela e a minha segunda favorita!!!
    Hahahaha

    Adoro a Nora. Apaixonei 🙂
    Ela eh mt linda e mo maezona. Novidade neh.. Hahaha

    Aaaah e odeio a vera e o davi. Morram os dois 😛

    E a historia do Lucas e do filho dele.. Sinceramente.. N eh ma ideia.. Mais veio meio do nada.. Eu nem lembrava q ele existia.. Se contar como sugestao.. Vale uns
    flashbacks..

    Mais adorei a Pelegrini-Andrade! Duas familias doidas juntas aeaeaeae e a dona DIva sempre a-rra-sa! hahahaha

    Bom.. Gostei..

    Mais queria q tivesse postado antes.. e q tivesse akelas ceninhas avulsas.. hihi >.<

    beijo

  2. Natie Says:

    :O
    Ainda chocada com esse final!!! Como assim vcs terminam desse jeito??? Vou ficar curiosa!! hehe… É claro q eu jah sabia q a saude da Nora não tava lá grandes coisas, maas… Ansiosa pra saber o q acontecerá…

    Bom, nem vou dizer o qto adorei mais um encontro da Carol com a familia do Roberto e agora foi ainda mais legal por ser Andrades e Pelegrinis! Demais a Nora com a Marta e a Diva p* da vida com os velhinhos q só falavam italiano!! E mais um encontro com a chataaa da Renata!

    Sara e Fernando!!! Sério, eu quero MUITO matar vcs por não terem escrito uma cena de conversa entre eles 2 depois de Resende!! rsrs… Ainda na torcida aqui… E imaginei ela na rua gritando no cel com a Carol…

    E o Lucas acabou morrendo né? Quero ver como ficará a situação do filho dele…

    E agora outras coisas q estou esperando pra ver na proxima temp (hahaha):
    – Carlos e Diego: a relação ficará firme ou não?
    – Junior e Pamela: emplaca?
    – Davi ficará depois do desmaio da Nora ou irá pra Portugal mesmo assim?
    – Saulo e Vera se acertarão?

    E claro, casamento de Carol e Roberto, mais Diva e FERNANDO E SARA!!!!!! 😀

    Até gente…

    Bjss…

  3. Gustavo Says:

    Salve galera!!!

    Demorei mas cá estou!!!

    Que episódio!!!

    Sara e Fernando. Ri muito com a cena dela saindo da casa dele, toda escrenhada, berrando no meio da rua com a Carol!!!

    E o convite que Carol recebeu? Pelo visto ela ficou bastante balançada com ele. Será que aceitará? Será que ela partirá pra Brasília e deixará o Roberto sozinho no Rio?

    E a Pam e o Junior? Estou na torcida por esses dois. No início não gostava dela, mas com o tempo percebi que ela é gente boa e que merece ser feliz, pois coitada, não dá uma dentro nos relacionamentos.

    Sobre o Carlos e o Diego nem precisa comentar. Nunca torci pelos dois e espero que o Carlos parta pra outra.

    E o Lucas? Foi-se né… O que será do filho dele? E por que a Vitória está tão chorosa? Tá, eles eram amigos (eles chegaram a namorar? Não me lembro.), mas precisa ficar tão sentida assim?

    Muito legal a cena do almoço, imagina a confusão que não deve ter sido!!! E D. Nora como sempre dando show. Fiquei com pena da Marta, sempre tendo que manter a pose de forte…Enfim, cada qual com seu cada qual.

    Para finalizar, o que será que Nora tem? E esse desmaio dela? E que zica tem a casa da Vera hein. Primeiro o Guilherme, agora a Nora?

    Bem, agora só resta aguardar a próxima temporada.

    Bjs e abraços.

  4. Julia Says:

    Cadeeeee a temporada nova?

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